Paralelismo sintático e paralelismo semântico
PARALELISMO: consiste em uma sequência de expressões com estrutura idêntica.
PARALELISMO SINTÁTICO: ocorre paralelismo sintático quando a estrutura de termos coordenados entre si é idêntica.
Esclarecendo:
termos coordenados entre si são aqueles que desempenham a mesma função
sintática dentro do período. Podem aparecer expressões nominais ou
orações coordenadas em uma frase.
Vejamos os exemplos:
Ela vende balas e biscoitos.
- Os
termos coordenados são: “balas” e “biscoitos”. Veja que esses termos
estão unidos pela conjunção “e” e apresentam a mesma função sintática na
sentença: ambos são objetos do verbo “vender”.
- O
paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados:
veja que tanto a palavra “balas” quanto a palavra “biscoitos” são
expressões nominais simples, ou seja, elas se apresentam, na sentença,
em uma estrutura sintática idêntica.
Ela pensou na carreira, isto é, no futuro.
- Os
termos coordenados são: “na carreira” e “no futuro”. Veja que esses
termos estão separados pela expressão “isto é” e apresentam a mesma
função sintática: ambos são complemento do verbo “pensar”, que rege a preposição “em”(“pensar em algo”).
- O
paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados:
veja que tanto a expressão “na carreira” quanto a expressão “no futuro”
são formadas pela preposição “em” mais um substantivo, ou seja, elas se
apresentam, na sentença, em uma estrutura sintática idêntica.
Eu li todos os livros, mas não entendi tudo.
- Os
termos coordenados são: “Eu li todos os livros” e “não entendi tudo”.
Veja que esses termos são duas orações unidas pela conjunção “mas”.
- O
paralelismo sintático encontra-se na semelhança das orações
coordenadas: ambas apresentam estruturas sintáticas equivalentes, e os
verbos estão flexionados adequadamente.
Prefiro um grupo de estudos pequeno a uma turma de cursinho lotada.
- Os
termos coordenados são: “um grupo de estudos pequeno” e “uma turma de
cursinho lotada”. Veja que esses termos são separados pela preposição
“a” e apresentam a mesma função sintática: são complementos do verbo
“preferir” (“preferir isso a aquilo”).
- O
paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados:
veja que tanto a expressão “um grupo de estudos pequeno” quanto a
expressão “uma turma de cursinho lotada” são estruturas que têm como
núcleo uma substantivo, ou seja, apresentam uma estrutura sintática
idêntica.
Agora veja:
Prefiro estudar em casa a aulas particulares.
- Da
mesma forma como na frase anterior, temos dois termos coordenados entre
si: “estudar em casa” e “aulas particulares”. Veja que esses termos
também são separados pela preposição “a” e desempenham a mesma função
sintática de complementos do verbo “preferir”.
- Nessa
frase, porém, temos um problema de paralelismo sintático: veja que a
primeira expressão estrutura-se em forma de oração reduzida “estudar”,
já a segunda expressão é um termo nominal, isto é, tem como núcleo um
nome: “aulas particulares” = núcleo: “aulas”. Essa diferença de
estrutura sintática determina o problema de paralelismo.
PARALELISMO SEMÂNTICO: consiste em uma sequência de expressões simétricas no plano das ideias. É a coerência entre as informações.
Vejamos os exemplos:
João gosta de uva e de maçã verde.
- Sem dificuldade podemos entender a relação semântica entre as expressões “uva” e “maçã verde”: são frutas de que João gosta.
Agora veja:
Ele gosta de livros de ficção e de ovo mexido.
- Nesse
exemplo, os termos “livros de ficção” e “ovo mexido” não constituem uma
sequência lógica e esperada na frase. Temos dificuldade de relacionar a
presença de ambos os termos na forma como foram apresentados. Esse é um
exemplo de falta de paralelismo semântico.
Vejamos um texto retirado da Folha.com:
Português: Falta de paralelismo semântico cria efeito de estilo
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO da Folha de S.Paulo
Já tratamos neste espaço da importância do paralelismo sintático para a clareza da expressão. Em: "Ele hesitava entre ir ao cinema ou
ir ao teatro", falta simetria no plano sintático. O uso da preposição
"entre" pressupõe a existência de dois elementos de mesmo valor
sintático ligados pela conjunção "e". Como a conjunção "ou" indica
alternativa, é possível ocorrer confusão num contexto como esse.
É preciso lembrar, entretanto, que a preposição "entre" delimita um
intervalo entre dois pontos definidos. Daí o motivo de reger dois
elementos ligados por "e".
Mas, atenção. Embora claro do ponto de vista do paralelismo sintático, um enunciado como "A diferença entre
os alunos e as carteiras disponíveis na sala é muito grande" contém um
problema semântico. Alunos e carteiras não são elementos comparáveis
entre si.
A diferença a que se refere a sentença é numérica. Então, o ideal é
dizer: "A diferença entre o número de alunos e o de carteiras é muito
grande". Agora, sim, a informação ganhou precisão. Faltava na frase o
que chamamos paralelismo semântico, ou seja, a simetria no plano das
idéias.
Esse é o mesmo problema verificado em construções do tipo: "O time
brasileiro vai enfrentar a França nas quartas-de-final". Ora, um time
não pode enfrentar um país. Então, entre outras possibilidades: "O time
brasileiro vai enfrentar a seleção da França" ou "O Brasil vai enfrentar
a França".
Preservar o paralelismo semântico é tão importante quanto preservar o
paralelismo sintático. Mas, na pena de um bom escritor, a quebra da
simetria semântica pode resultar em curiosos efeitos de estilo. Não foi
outra coisa o que fez Machado de Assis no conhecido trecho de "Memórias
Póstumas de Brás Cubas", em que, irônica e amargamente, o narrador diz:
"Marcela amou-me durante 15 meses e 11 contos de réis". No mesmo livro:
"antes cair das nuvens que de um terceiro andar".
O uso desse artifício parece ser uma das marcas estilísticas do autor.
Na abertura de "Dom Casmurro", o narrador diz: "(...) encontrei (...) um
rapaz (...), que eu conheço de vista e de chapéu".
No conto "O Enfermeiro", ao anunciar que vai relatar um episódio, o
narrador adverte que poderia contar sua vida inteira, "mas para isso era
preciso tempo, ânimo e papel". O elemento "papel", disposto nessa
seqüência, surpreende o leitor e instala o discurso irônico.Ter ou não
papel para escrever é algo prosaico. A falta de ânimo, um problema
pessoal, está em outro patamar semântico.
Essa interpenetração de planos é um dos articuladores do tom irônico do discurso machadiano.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
Para finalizar, vejamos um texto retirado da Wikipédia
PARALELISMO
O que se denomina paralelismo sintático
é um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de
orações de valores sintáticos iguais. Orações que se apresentam com a
mesma estrutura sintática externa, ao ligarem-se umas às outras em
processo no qual não se permite estabelecer maior relevância de uma
sobre a outra, criam um processo de ligação por coordenação. Diz-se que
estão formando um paralelismo sintático.
Paralelismos frequentes
e; sem
Ele conseguiu transformar-se no Ministro das Relações Exteriores e no homem forte do governo.
Não adianta invadir a Bolívia sem romper o contrato do gás.
não só... mas também
O projeto 'não só será apreciado, como também será aprovado.
mas
Não estou descontente com seu desempenho, mas sim com sua arrogância.
ou
O governo ou se torna racional ou se destrói de vez. " Maria Rita, ou seja amiga dos alunos ou perca o emprego."
tanto... quanto
Estávamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los.
isto é, ou seja
Você deveria estar preocupado com seu futuro, isto é, com sua sobrevivência.
ora...ora
Ora a desejava, ora a ignorava .
(http://www.gramatiquice.com.br/2011/02/paralelismo-sintatico-e-paralelismo.html)